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A Ana na escola era a “banana”.

A Ana na escola era a “banana”.

Andava com calças à boca de sino e fios de fimo,
cheia de ganchos na cabeça,
para gozar era um mimo.

Diziam que metia aquelas coisa no forno lá de casa,
as bolinhas brilhavam no escuro,
ela sentia-se uma brasa.

Sempre com o discman atrás,
naquela mala à tiracolo cheia de crachás,

ouvia os sons eletrónicos da altura,
uns melhores, outros piores,
sem censura.

Já não tinha paciência para as miúdas da turma,
queria festas mas sem espuma.

É certo que não tinha experiência alguma
mas já imaginava o que seria sair à séria,
em suma.

Lá juntou uns amigos mais ousados,
sorte ou azar eram aqueles
que chegavam às aulas sempre atrasados.
Mas calma, eram interessados.

Por música, cinema, pelo universo,
eram diferentes.
Viam a vida pelo seu inverso.

Partilhavam os phones no recreio,
falavam sem receio,
tudo era conversa fácil,
com direito a todo o tipo de correio.

Começaram a sair à noite,
uns às escondidas,
outros que em casa
não tinham grandes medidas.

Madrugadas de clube em clube sem dinheiro,
acabavam no elétrico 15,
sentados naqueles sofás do fundo,
de óculos de Sol,
estilo os donos do mundo.

Tantas e tantas manhãs tocaram
à porta e disseram à Mãe,
“Ai, não fiz nada de mal,
deixa-me, tu também!”

Bons tempos.
Saudades Ana Banana.