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Otsoa

É certo que uso várias vezes o termo “underground” para caracterizar um tipo de som ou referir-me a um determinado movimento dentro da música electrónica, contudo, nem “underground* determina um tipo de música em concreto, nem determina o tipo de DJs que dele fazem parte. Poderíamos então supor que o próprio termo está gasto, ainda assim, penso que não deverlamos deixar cal-lo tão facilmente. E tal como “underground*, também o termo “rave” parece estar gasto e, no entanto, ambos figuram-se ainda tão necessários para determinar não só a qualidade de uma música ou de um DJ como de uma festa. Talvez a história lá vá longa, afinal de contas são Já 40 anos de um género que produziu dezenas de ramificações, milhares de labels e DJs, milhões de discos e festas e recentemente parece ter tomado conta do mundo, rivalizando com o até então indestronável pop. Do comercial ao “underground*, da festa à “rave”, a música electrónica é hoje o género musical que parece traduzir uma vontade colectiva de alienação, escapismo ou de fuga, mas também de comunidade, prazer e de união. O certo é que, mesmo o underground por oposição ao comercial, como a rave por contraste à festa, o seu significado não perde abrangência e uma multiplicidade de propostas. Um DJ de techno mais duro, rápido e escuro não deixa de pertencer ao mesmo movimento underground que um DJ de house mais trippy, mental ou mesmo celebratório; assim como, uma rave pode ocorrer no espaço institucional de um festival ou de uma discoteca. Quero com isto dizer, que tanto o ‘underground” como a “rave” são determinados por inúmeros factors e agents, sem que isso implique a exclusão de qualquer uma das partes. Em Portugal, o techno da Assemble não exclul o house da Carpet ou da House of Mouse, assim como os breaks da Mina não excluem o minimal do Anexo ou colectivos como a Between, Andco ou a Odysea não excluem a Acida ou a Paraíso. E o mesmo se aplica aos DJs, que mesmo movendo-se por vezes em círculos contíguos, não deixam de criar na sua totalidade uma cena underground e proporcionar verdadeiras raves à sua comunidade. O que por vezes falta, é mesclar estas Idiossincrasias musicals e criatividades sob um mesmo espaço e o convite ao Otsoa vem certamente com essa vontade inerente. São já vários os convidados que apesar de fazerem parte deste “underground” enquanto totalidade, nem sempre fazem parte do específico meio no qual eu e outros DJs se inserem. Aquilo que tenho procurado cada vez mais nos convites que lanço é que o Harbour possa ser um espaço de reunião, onde várias linguagens possam estabelecer um dialogo e onde tanto o electro mais rápido e o techno mais duro do Otsoa possa encontrar um chão comum com o meu techno mais escuro, mental ou o meu tech house mais trippy.