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Bruno Curtis

Se tivesse de escolher apenas uma palavra para definir o Bruno atrás de uma cabine, elegância seria sem dúvida a primeira que me ocorreria. Esta elegância não é apenas técnica, é sobretudo uma elegância que se ganha ao fim de vários anos quando mais do que saber misturar subtilmente, é saber encontrar em cada disco o prolongamento de outro. Até porque o djing transcende largamente a questão técnica, é acima de tudo uma questão de alquimia, uma sensibilidade capaz de juntar discos, artistas, géneros próximos e distantes e formar um todo, ora harmónico, ora dissonante. E o último set do Bruno Curtis disponível no Youtube (Collect Radio – 20.11.24) é particularmente inteligente no modo como combina vários géneros (minimal, house, breaks, tech), demonstrando a sua enorme versatilidade, apesar do apurado fio condutor que tudo organiza, mesmo quando por vezes quebra propositadamente essa harmonia e cria certos momentos que abrem o set a novas possibilidades e caminhos. Quem o segue há vários, percebe a importância que o Bruno dá à consonância entre temas, pois basta ouvir qualquer um dos seus sets disponíveis – recomendo particularmente o set na página do The MUDD Show (Youtube) e o set na página da editora Quirk (Soundcloud) –, para compreender essa incessante procura e cuidado para que tudo combine, mesmo quando por detrás de uma aparente harmonia, haja um constante jogo entre um lado mais solar e quente e um lado mais sombrio e hipnótico, que  se vão reversando e alternando, mantendo o set nesta constante e subtil tensão entre quente e frio, árido e cheio, robótico e freestyle. E tal como afirmei no início deste texto, esta elegância é fruto de muito trabalho, de muitas horas de digging, de pista, de experimentação. Até porque só assim se chega onde ele chegou, seja como DJ (são inúmeros os clubes internacionais onde já tocou e imensos os DJs maiores com os quais já partilhou cabine); seja como promotor, responsável por levar à capital da Chéquia (no UP Festival, nomes maiores como é o caso do Andrew James Gustav, Dana Ruh, Margaret Dygas, Sonja Moonear, tINI… entre tantos outros que colocaram Praga pela primeira vez no mapa como um dos centros nevrálgicos do underground internacional). No entanto, depois de um longo périplo pela Europa, o Bruno está de regresso a casa, à Lisboa que o formou enquanto DJ e amante de música electrónica, graças às várias e longas noites de Lux, que o mesmo afirma como tendo sido absolutamente vitais e transformadoras à sua formação. É por isso um enorme prazer receber o Bruno Curtis pela primeira vez no Harbour, onde certamente irá fazer brilhar em toda a sua elegância.